Nesta ocasião, achei interessante compartilhar com vocês uma experiência engenhosa de "governo aberto" que está ocorrendo em meu país. Embutido na lógica do software livre e aproveitando os recursos computacionais disponíveis, um grupo de jovens moradores da Cidade Autônoma de Buenos Aires decidiu criar o Grupo de Rede (RP).
A particularidade deste partido político é que construiu uma plataforma digital, Democracia, para que todos os moradores da cidade de Buenos Aires possam debater e votar as leis no Legislativo da cidade. Cuidado, não é uma mera experiência "virtual". Os candidatos do RP eleitos nas últimas eleições prometeram votar de acordo com os resultados das opiniões expressas no DemocraciaOS sobre cada um dos projectos em causa, aos quais os cidadãos podem aceder não só ao texto integral dos projectos mas também para uma versão "reduzida", mais fácil de entender e digerir.
No vídeo abaixo eles explicam muito bem.
O que mais gosto nesta iniciativa é que vai contra aquela ideia do slogan popular durante os dias agitados de dezembro de 2001, quando a Argentina passou por uma das crises institucionais mais graves de sua história. Com essa frase, as pessoas sintetizaram sua antipatia pela "classe política". Era algo muito parecido com o movimento dos "indignados" na Espanha. Já no PR, eles conseguiram superar essa rejeição inicial da política e transformá-la em algo construtivo, que incentiva a participação política ao invés de desativá-la. Eles não lutam para que "todos saiam", mas para que "todos entrem". Conceito interessante, certo?
Por outro lado, cabe perguntar: se chegamos ao ponto em que conseguimos digitalizar transações bancárias para locais inóspitos e confiamos em ferramentas eletrônicas para tratar de questões centrais em nossas vidas, por que não fazer o mesmo com o debate legislativo e permitir que essas mesmas ferramentas servem para democratizar o jogo político. E ainda mais interessante, por que ninguém pensou nisso antes? Será que há pouco interesse, por parte dos próprios políticos ou dos centros de poder, de que as pessoas realmente se envolvam na vida política?
É também uma “ultrapassagem” do mero voto eletrônico que já está sendo implementado em vários países. Trata-se de democratizar verdadeiramente a tomada de decisões e o debate legislativo, o que ainda é uma onda de ar fresco em meio à enorme crise de representação por que passam muitas democracias representativas, em suas diferentes formas.
Para finalizar, parece importante mencionar que o DemocraciaOS está atualmente em uma versão de teste para que as pessoas possam se familiarizar com a ideia. A partir do próximo dia 10/12/2013 os candidatos eleitos do Partido Vermelho assumirão seus cargos na legislatura de Buenos Aires. A partir de então, tudo o que for votado no site terá um impacto real na legislatura, porque os legisladores do PR votarão de acordo com o resultado das votações no site. Por este motivo, os usuários que não validaram sua identidade não poderão continuar usando o site (como fazem até agora). A validação da identidade será presencial e tanto a identidade do usuário (por meio do DNI) quanto sua inscrição no cadastro eleitoral da Cidade Autônoma de Buenos Aires serão verificados para garantir uma certa “seriedade” na votação.
Nas últimas eleições, o PR obteve 21.368 votos (1,15% do cadastro). Levando em consideração que é a primeira vez que ele participa de uma eleição, não é um número desprezível, certo?
Acredito que tal sistema, como pensava o Partido da Rede, estaria realmente violando a representação democrática.
Votei e tenho os meus representantes, que defendem a minha ideologia, no órgão correspondente, e que vão votar como eu espero (se soubesse bem escolher) e também tenho a opção de votar para decidir outro voto extra, de mais um legislador ...
ohhhh quantas possibilidades. vote 1 vez a cada x anos. eles fazem o que querem e nós de braços cruzados. aceitar esta política leva anos e na maioria dos países não funcionou
Isso é muito legal ..
E é o tipo de coisa que o Paraguai (Ciudad del Este) deveria imitar.
Se não? Pelo menos como um "experimento" democrático acho superinteressante ...
Abraço! Paulo.
A questão é ... essas pessoas são da esquerda xd?
Libertários. É como os anarquistas, mas mais leve.
Com ou sem adoçante? Haha ..
Com adoçante. O adoçante da democracia.
Quanta razão!
Eeheh então eles não são pra mim, eu gostaria de uma festa parecida, pior mais conservador / tradicionalista matiz xd
Falanginux, uma distro grande e 100% gratuita.
não, obrigado, isso não é conservadorismo xd, é fascismo ahahah
Bem, mais conservador e tradicionalista do que o próprio fascismo não há nada xD
Libertários anarquistas ou libertários liberais? porque na Espanha existe o Partido Liberal e nos Estados Unidos, se não me engano, o Partido Libertário, que são de estilo anarcocapitalista, não estando muito atrás nos postulados do neoliberalismo (vocês sabem, Reagan, Thatcher, Bush ...).
Na verdade, essa pergunta é muito difícil de responder. O que acontece se os participantes votarem em algo que vai contra o que pensa ou acredita o relações-públicas que ocupa a bancada? Vote o mesmo que sai no DemocraciaOS?
Pois bem, o banco é representante de muitas outras pessoas, devia votar no que saiu no DemocraciaOS, podendo votar ele próprio na plataforma. Isso é democracia.
Assim é. Em princípio, deveria ser assim. O representante do PR deve fazer uma espécie de "juramento" nesse sentido.
Estou bastante envolvido com uma festa pirata (ela cobre mais campos do que a festa da rede). Da mesma forma, o PPA argentino considera o Partido Vermelho.
http://partidopirata.com.ar/2012/05/17/dos-punto-siri-16-de-mayo-el-partido-pirata-y-el-poder-de-la-red-en-el-programa-de-radio-basta-de-todo/
o PPAr tem mais diferenças do que encontros com o PdR, e é claro que são coisas totalmente diferentes. Em primeiro lugar, o Democracy OS é um software proprietário e eles vão exigir que você se registre.
No PPAr existe
[copo] (http://taz.partidopirata.com.ar/afiliate/afiliaciones)
\ou/
Excelente, mas no Peru a política é muito velha para um político novato ser facilmente corrompido.
Ainda assim, apoio a proposta.
Haha! Nos restantes países somos mais ou menos iguais, não acreditem.
Da mesma forma, é uma experiência interessante.
Abraço! Paulo.
Acho interessante, mas não novo, a consulta popular é um elemento que está presente em muitas democracias ao redor do mundo há muito tempo, mas usar a tecnologia da informação para estimulá-la é louvável.
Os pontos que mais me deixam curioso.
-Como será garantida a fidelidade dos dados, evitando que sejam manipulados por terceiros.
-As implicações que tal medida precisa de intenção de voto pode ter.
-A privacidade do voto.
Aqui na Espanha é o http://partidox.org/
Ele ainda não estreou, vamos ver o que acontece ...
Não gosto de política na internet ou software, todos sabemos que isso é manipulável e explorável, sem falar que nem todos têm acesso a essas ferramentas, que violam os direitos humanos.
Bem, na verdade ... é apenas mais uma ferramenta. Ninguém obriga as pessoas a usá-lo. Por esse motivo, de forma alguma viola os direitos humanos de ninguém ... na minha humilde opinião.
Aqui no México (onde o mal reina) está apenas começando a acordar, porque nem todo mundo tem acesso à internet e às redes sociais. Mas, graças ao movimento # yosoy132, podemos dizer que uma pequena luz de mudança pode ser criada gradualmente.
O mal reina em todos os lugares, as pessoas que são atraídas pelo poder são as mesmas em todos os lugares.
Aqui no México pela Internet ou sem Internet, todos os votos são fraudes 😉
Mais verdadeiro impossível.
Televisa, Televisa em todos os lugares.
A Televisa está sempre metendo o nariz.
É o que eu pensei. Meu primo mora em Guernica não usa a internet com computador. Ele não tem um smartphone. Como o incluímos?
Che, o "deixe todo mundo ir" não era "apenas como você diz"; no sentido de que justamente naquele momento “o povo” se envolveu muito mais com a política, surgiram muitos lugares de debate, troca, assembléias ... isso tem uma certa parte, a outra é que o “deixa todo mundo ir” Também foi provocado, porque tocaram na passagem (sem ter banco) a alguns que não tocaram em nada.
Em relação a isso ... mmm, MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUCHA PESSOAS falta internet, eles não têm, não podem alugar, e MUUUUUUUUUU MUUUUUUUUUUU MUITO de quem não tem ideia de nada, POR OUTRO MÃO, teria uma infraestrutura bastante eficiente de registros, para que fraude ... E muitos, mesmo que leiam as leis, não vão entendê-las de forma alguma ...
lembranças
Você está certo sobre o "deixe todo mundo ir". Naquela época, muita gente começou a se envolver, mas depois não deu em nada.
Quanto à falta de internet ... sim, é verdade ... ninguém está dizendo que isso tem que ser a norma para todos. É mais uma opção disponível. Além disso, as sociedades devem se esforçar para reduzir essa exclusão digital, certo?
Com relação à eficiência e tudo mais. Vou resumir para você, você move o barbante via online. Se você depende da computação e da web para isso, não vejo por que não pode fazer isso para todo o resto. 🙂
Abraço! Paulo.
Outra coisa, com todo o respeito, me parece que o seu comentário está envolto em uma espécie de pessimismo e nivela: não vamos fazer nada porque as pessoas não têm internet, não vamos fazer nada porque a escolaridade das pessoas é tão ruim que elas não vão entender qualquer coisa, etc.
Então não vamos a lugar nenhum ... você não acha?
Da mesma forma, ninguém diz que esta é a solução para todos os problemas ... é uma experiência interessante, nada mais.
Abraço! Paulo.
+1
Olá, a verdade é que não vejo pessimismo no meu comentário. Quando eu disse não vamos fazer nada? Muito simplesmente, o que eu disse é que a internet não parece nem um pouco o melhor meio para “melhorar a democracia”, das redes sociais aos NSA (ou qualquer outra sigla, na falta dela) são a prova disso.
O que exemplifiquei com meu comentário é uma "imagem da realidade". Para implementar algo, e mais com o apelido de “melhorar a democracia” você tem que ter um alicerce que de alguma forma envolva a DEMOCRACIA (de todos), ou seja, envolve TODOS ou será um embuste?
Há também algo fundamental que não sei como seria levantado. O debate? O ponto de vista dos outros?
Em todo caso, vamos fazer tudo, mas não através de uma virtualidade do movimento. Mas também proponho a essas partes que, em vez de criar uma plataforma totalmente nova, tomem o "like" do Facebook. E eu repito o debate?
Saudações!
E por que tem que necessariamente envolver TODOS? A participação é obrigatória? Na minha opinião, não participar também é uma opção democrática, de fato, que as coisas são "obrigatórias" SE constituir uma violação da liberdade indivíduo do povo e isso por si só, é antidemocrático ...
A questão é que nas democracias representativas ocidentais nem mesmo temos a opção de participar de um debate real sobre a legislação. A democracia termina no parlamento. Aqueles de nós que estão de fora não pintam nada.
Parece-me uma medida adequada, se for executada. Desta forma, a democracia é mais representativa. Eu diria até eficaz. E não apenas para votar em certas coisas, mas em muitas outras também. Não há dúvida de que a vida caminha para posições cada vez mais informatizadas e o resultado será visto nas próximas gerações. Pense que em algumas escolas as crianças aprendem sem livros. Eles entram na aula com tablets com os quais lidam ainda melhor que seus professores.
Positivo: A ideia de uma plataforma de participação cidadã é interessante, quanto mais, melhor!
Com alfinetes: É preciso lembrar que há momentos em que o melhor não é o que a maioria deseja e essa opção - supostamente e pelo que interpreto do artigo - seria retirada da equação com esse método).
Ugo também. Concordo com seus comentários.
No entanto, o atual sistema representativo já implica o “poder das maiorias”. Se o partido A vencer, ele imporá sua posição até que tenha as maiorias necessárias. Ou seja, a utilização deste tipo de plataforma - estilo DemocraciaOS - não torna isso pior. As maiorias continuam prevalecendo, como no atual sistema representativo.
Feito esse esclarecimento, a observação me parece correta. Como pode a vontade das minorias ser protegida? É um debate muito longo, mas também interessante.
Saudações Pablo
“Se o partido A vencer, vai impor sua posição até que tenha as maiorias necessárias”, enfim, no caso de uma democracia entendida no bom sentido da palavra, essa situação NÃO implicaria em desrespeito aos direitos do resto das minorias. Em minha opinião, esta proposta aproxima-se do funcionamento do atual sistema suíço, em que qualquer alteração da legislação implica quase automaticamente uma consulta do tipo referendo, que aqui seria facilitada de forma automatizada. De qualquer forma, parece-me uma boa opção e concordo com o que você sugere em outro comentário de que "não dá para nem descer" ...
Isso mesmo, Charlie. Eu concordo em tudo que você diz. Talvez eu não soubesse me expressar corretamente, mas penso igual a você.
A ideia central de que todos os cidadãos participam na escolha de uma nova lei, por exemplo, é muito boa. Isso sempre deve ser feito, porque embora votemos em nossos representantes, eles podem ter pontos de vista muito diferentes daqueles que representam em alguns aspectos.
Mas é preciso analisar bem a situação para que não haja overvotes ou para evitar fraudes e outros problemas. Mas, sem dúvida, é uma boa ideia que outras partes também levem em consideração.
Isso mesmo ... pelo menos parecia uma experiência a se considerar.
A ideia em si me agrada, mas me dá a impressão de que deveria ser apenas mais um ponto para todas as partes levantarem, mas não algo que seja o centro de uma partida
É uma excelente ideia, e de fato a tecnologia que acredito está destinada a derrubar a burocracia e democratizar a sociedade.
A questão é que as propostas que essas pessoas estão partindo não apontam para nenhuma transformação econômica ou social do país ... nem falam em tocar em nenhuma das questões importantes que a economia exige.
E é lógico porque suas propostas são mais uma peça para adicionar a algum partido
É como se agora um partido chamado "Partido Educacional" saísse e falasse apenas de reformas educacionais ... e nada mais.
Falemos também do fato de que nem em todo o país há acesso à internet ... ou a computadores ... até tem gente que falta luz. Por isso, na página você pode ver que as propostas têm um caráter bem típico da capital federal.
Compartilho totalmente sua posição.
Seu comentário é muito interessante. Concordo.
Além disso, falta um programa. Talvez seja uma decisão deliberada porque querem incluir a todos, independentemente da sua “filiação ideológica”, não sei. Tenho a impressão de que querem mostrar que essa ferramenta pode ser usada universalmente, independentemente de um determinado partido. Nesse sentido, talvez seja por isso que eles não "rebaixam a linha ideológica" ou não têm um "programa".
Enfim, isso me deixa barulhento como você. Acho que em algum momento essa posição é contraditória, embora muito interessante.
Grande abraço! Paulo.
Parece uma má ideia para mim, a democracia direta é proibida. O problema é que se todos pudessem votar, teríamos o problema de que a maioria sempre venceria, por exemplo: se todos os torcedores de boca que são maioria na Argentina votassem que sempre ganham campeões, seria injusto com os demais. esse é o grande risco para a democracia que este sistema propõe.
A chave está na educação e nos valores que se incutem na massa social, que é um processo lento mas acho que é a melhor forma de o conseguir.
Olá Daniel ... esse “perigo” já existe. Não é inerente à democracia direta, como você sugere, mas à democracia pura e simples. Nesse sentido, a democracia representativa de hoje corre o mesmo "perigo". Foram precisamente os "pais fundadores" dos Estados Unidos os que mais se preocuparam com a "tirania da maioria" quando começaram a implementar a democracia representativa em seu país como forma de governo.
Grande abraço! Paulo.