Sobre licenças e os danos ao código aberto

Recentemente fiz uma postagem no fórum sobre esta imagem que te mostro

Com relação ao software livre e ao software proprietário, ele não é sem motivo. Mas sua visão de código aberto me parece (na minha opinião) exagerado. Primeiro vou listar os critérios que uma licença deve ter ser considerado código aberto:

1) Você não deve restringir que alguém possa vender ou dar o software, nem exigir a cobrança de royalties no caso de vendê-lo.

2) O programa deve incluir o código-fonte e permitir a sua distribuição em código-fonte e compilado (neste último caso, deve haver um meio de acesso ao código e não mais do que um custo razoável de reprodução).

3) Você deve permitir modificações e trabalhos derivados e também permitir que eles sejam distribuídos sob os mesmos termos da licença original.

4) Deve permitir EXPLICITAMENTE a distribuição de software feito com código modificado. Você pode restringir essa distribuição SOZINHO se a licença permite a distribuição de patches com o código com o propósito de modificar o programa em tempo de compilação. Pode ser necessário que o software derivado tenha um nome ou versão diferente do original.

5) Você não deve discriminar nenhuma pessoa ou grupo de pessoas.

6) Você não deve restringir ninguém de usar o software em uma determinada área de trabalho.

7) Os direitos do software licenciado devem se aplicar a qualquer pessoa que o distribua a você sem a necessidade de licenças extras.

8) A licença não deve ser específica para um produto.

9) A licença não deve restringir nenhum outro software que seja distribuído junto com o software licenciado.

10) A licença deve ser tecnologicamente neutra.

Conclusões:
1) A proibição de fazer uso comercial de código aberto é um bola absoluta, devido ao critério 1.
2) Idem por falta de garantia da alteração do código, devido ao critério 3
3) Idem para o "apenas às vezes" no compartilhamento do software original, devido aos critérios 1, 2, 5, 6 e 7
4) Sobre a falta de garantia de compartilhamento das modificações, é aí que sai a licença não é copyleft, não porque seja de código aberto.
5) Mais do que uma comparação entre software livre e de código aberto, é uma comparação entre a GPL e qualquer outra licença não copyleft.

Lembre-se bem dos leitores: a diferença entre software livre e open source é o ponto de vista. A primeira aborda tudo do ponto de vista de liberdade, o outro o encara do ponto de vista técnico-metodológico.

E já que estamos, vou colocar outro artigo aqui, mas sobre licenças. Já vimos os requisitos que uma licença de código aberto deve ter. Nem é preciso dizer que uma licença de software livre exige que cumprir as 4 liberdades. Normalmente, uma licença de software livre também é open source e vice-versa. E o mesmo ao contrário, se não é gratuito, não é open source e vice-versa. Há sim exceções à regra e são os seguintes:

1) O BSD de 4 cláusulas (também conhecido como BSD original). Não é de código aberto, pois uma de suas cláusulas definir publicidade para a organização que escreveu o código (violando o critério 8, além da compatibilidade GPL). Os BSDs das cláusulas 2 e 3 são gratuitos e de código aberto, e ambos são compatíveis com a GPL.

2) La CECIL (CEA CNRS INRIA Free Logiciel) É gratuito e destina-se a ser compatível com GPLv2, mas baseado na lei francesa.

3) A licença de criptix (usado no projeto cryptix, conhecido por sua extensão de criptografia Java). É o BSD de 2 cláusulas, mas específico para o produto.

4) Faça o que quiser com Licença Pública (A licença do faça o que quiser com o meu código. Não precisa de mais explicações) O motivo pelo qual não colocaram que está aberta, é porque segundo Martin Michlmayr (que revisou o parágrafo único da licença) na Europa não há domínio público. A propósito, quem o criou foi Sam Hocevar, líder do projeto Debian entre 2007-08.

5) A licença Netscape. Uma licença ironicamente gratuita que a FSF recomenda que você não use NuncaPelo DISCRIMINAÇÃO que irradia para os usuários. Essa é a principal diferença entre essa licença e a licença Mozilla (que é de código aberto e gratuita).

6) A licença OpenSSL. Isso inclui um cláusula de publicidade, principalmente porque é baseado na licença Apache versão 1.0 (não aberta) e não 2.0 (aberta).

7) A licença XFree86. Igual a 4 cláusula BSD.

8) Licença Pública Recíproca. Ao contrário das já listadas, é uma licença de código aberto, mas não é gratuita. É como uma GPL que obriga publicar qualquer modificação feita por uma empresa, embora este faça isso em particular.

Agora, há também outras questões sobre licenças de código aberto e gratuito, como sua compatibilidade com a GPL, se é copyleft ou não, ou se é aprovado pelas diretrizes gerais do Debian. As licenças gratuitas e de código aberto que não são compatíveis com GPL são Eclipse, Mozilla (versões anteriores a 2.0), Apache (igual ao Mozilla), IBM, LaTeX, PHP e Sun entre outras. Licenças gratuitas e de código aberto que não são copyleft são BSD, MIT, Python, PHP e Apache e Artistic entre outras. E nas linhas gerais do Debian, eles rejeitam a GNU Free Documentation License se o documento incluir seções invariáveis.

Também podemos falar sobre outras restrições permitidas no software livre, como quão forte o copyleft tem que ser. o LGPL (copyleft fraco) foi planejado para que os módulos que fazem parte de um programa GPL (copyleft forte) também fossem usados ​​em programas não-GPL (o LibreOffice é licenciado com a LGPL).

Outra restrição é a do retaliação de patente, ou seja, seus direitos como usuário de um determinado programa terminam quando você vai ao tribunal contra a empresa que criou o software para uma questão de patente. Adivinhe qual licença gratuita e de código aberto esta medida inclui, além das licenças Mozilla e Apache.

Também é o caso das licenças que consideram restrições de hardware (tais como o tivoização) A versão 3.0 da GPL foi criada justamente para combater a tivoização, pois a TiVo usa software livre para suas máquinas, compartilha o código sob a GPLv2, mas não permite que o código modificado seja executado, sem autorização por meio da assinatura digital da empresa (algo semelhante acontece com o Secure Boot). Linus é discordo da versão 3Primeiro, porque ele considera que uma licença de software não deve ser estendida ao hardware e, segundo, porque ele pessoalmente considera as assinaturas digitais uma ferramenta de segurança benéfica.

E estou cansado de escrever. Espero que este artigo seja útil para o nano para sua apresentação Linux For Dummies. No próximo, faço um sobre como comercializar software livre.

Links Úteis:

Definição de código aberto: http://opensource.org/osd

Por que o OSI não aceita o Faça o que quiser com Licença Pública: http://opensource.org/minutes20090304

RMS assume a licença Netscape: http://www.gnu.org/philosophy/netscape-npl.es.html


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  1.   Windousico dito

    De onde veio esse gráfico? É uma tremenda manipulação da realidade tornar o termo "Software Livre" o mocinho do filme. A GPL é uma licença de "código aberto", então uma comparação tão interessante não faz sentido.

    1.    msx dito

      "A GPL é uma licença de" código aberto ", então essa comparação interessante não faz sentido."
      Aha ... olha pra você ...
      GPL é a licença da FSF para SOFTWARE GRATUITO.
      O Software Livre busca proteger o desenvolvimento de software e torná-lo aberto e compartilhado, pois tem um componente social, filosófico e se você quiser utópico.
      OSS é uma diretriz para desenvolver software de forma aberta, só isso, que nasceu em resposta às "restrições" da GPL.

      Olhe o Revolution OS e pare de falar com o velhote, a rede está cheia de boas informações.

      1.    diazepam dito

        http://opensource.org/licenses/alphabetical

        Licenças aprovadas pela Open Source Initiative, porque atendem aos critérios já mencionados. Entre eles, o GPL 2 e 3. Ergo, o GNU GPL é também uma licença Open Source

      2.    Windousico dito

        Como @diazepan aponta, a GPL é uma licença que faz parte da família "Open Source". Portanto o gráfico fica quando diz que o uso comercial é proibido, pois as licenças de software livre enquadram-se no OSI, atendem aos seus requisitos. E também os ícones são riscados à vontade, sem critérios, adicionando legendas maliciosas como "não garantido", "apenas às vezes" e "limitado". Um absurdo com um objetivo claro: deixar o termo "Open Source" a meio caminho entre o software livre e o proprietário (algo totalmente errado).

        Você pode falar sobre código aberto ou software livre, mas não pode separar as licenças em duas cestas (uma para a FSF e outra para o OSI) porque há algumas que se enquadram em ambos.

        1.    Windousico dito

          O último parágrafo é enganoso. Para esclarecer, a palavra "alguns" deve ser alterada para "quase todos". A FSF lista um grande número de licenças como software livre, mas recomenda apenas algumas (é por isso que coloquei "algumas" sem perceber). Existem também licenças que a OSI aceita e a FSF rejeita (como o NASA Open Source Agreement), mas esses são casos raros.

  2.   Juan dito

    Bom artigo. Sempre vale a pena esclarecer esses tipos de coisas para que a confusão diminua, principalmente entre os novos usuários. E sim, software de código aberto é gratuito, apenas algumas pequenas diferenças do que é aceito pela FSF.

  3.   pavloco dito

    É bom que você esclareça isso, espero que seu artigo termine com muitas das discussões absurdas que são feitas em muitos fóruns e blogs. Saudações e boa postagem.

  4.   msx dito

    «Conclusões:
    1) A proibição de fazer uso comercial de código aberto é uma votação absoluta, devido ao critério 1. »

    Hahaha, que nabo !!! xD
    Essa terá sido _Sua_ conclusão antes de informá-lo corretamente 😀
    A F / LOSS nunca o proibiu de ser vendido, na verdade * o incentiva * a lucrar respeitando as cláusulas das respectivas licenças.

    Ahhhh -spire-…. : facepalm:

    1.    diazepam dito

      Você está me dando o motivo. Eu disse que a proibição do uso comercial é uma chatice. Ou você não sabe o que é uma bola?

      1.    zombaria dito

        que diabos é uma bola?

        1.    diazepam dito

          Bolazo: Bobagem, bobagem. (Termo do Rio da Prata)

        2.    hexborg dito

          Bola = mentira

          Bolazo = Uma grande mentira.

          🙂

          Não sei se é usado em outros países, mas na Espanha é entendido. 🙂

          1.    zombaria dito

            Bem, mas fique mais confuso, na Argentina é um disparate louco e na Espanha significa uma mentira? no final, qual das duas definições é?

          2.    diazepam dito

            Ambos bufaram.

      2.    José Miguel dito

        Parece-me que você deveria colocar adjetivos mais universais, já que, pelo menos na minha terra, não conhecemos o adjetivo bolazo, lembre-se que este blog é muito lido em toda a América Latina e além.

        1.    diazepam dito

          Minha culpa. É assim que nós uruguaios / argentinos nos expressamos.

  5.   Darko dito

    Vamos continuar diversificando a comunidade Open Source / Free Software? Ombe, não! No momento, uma versão de software livre será lançada mais gratuita do que gratuita. Então, o livre será mau e o "livre grátis" será o bom. Somos como nos gêneros musicais? E se Black Metal, Metalcore, Popcore ... look, compadres, METAL e ponto final. Se eu fosse me deixar levar por tudo que dizem sobre software livre, não livre e toda aquela teoria, seria melhor morar no país sem nenhum aparelho eletrônico por perto para ser totalmente gratuito.

    1.    Martin dito

      Hahaha, gênio !! xD

  6.   Ruda Macho dito

    Aplausos, a questão das licenças pode ser um pouco confusa e é sempre bom esclarecer a relação entre Open source vs Soft Libre, que como você diz é "ideológica" ou "filosófica". O ponto que não está claro para mim é o da cláusula 4 BSD porque eu não entendi o ponto 8 do OSD "A licença não deve ser específica para um produto." O que isso significa? E o que isso tem a ver com: “uma de suas cláusulas estabelece a publicidade da organização que escreveu o código” do BSD? Deixe o ponto claro para mim. Saudações.

    1.    diazepam dito

      O critério 8 diz que os direitos do software licenciado não devem depender do fato de que esse programa é parte de outro software específico. Anunciar esse software específico ou a empresa que o fabrica viola esses critérios. Por exemplo, na cláusula 4 BSD, a terceira cláusula diz:

      3. Todos os materiais publicitários que mencionam os recursos ou o uso deste software devem exibir o seguinte reconhecimento: Este produto inclui software desenvolvido pela Universidade da Califórnia, Berkeley e seus colaboradores.

      1.    Ruda Macho dito

        Então, seria como o "por" das licenças Creative Commons?
        Obrigado pelo esclarecimento, é uma questão muito importante, sempre olhamos com sarcasmo para quem não lê o EULA do Windows, você tem que começar em casa

      2.    Ares dito

        Que estranho, compreendo este critério porque não pode ser que «este módulo seja gratuito desde que seja utilizado e faça parte de todo este software».

        Existe uma parte onde o significado de cada ponto é especificado e essas ambigüidades são resolvidas?

  7.   elav. dito

    Como disse no fórum, dá-me a sensação de que este gráfico está invertido 😀

  8.   Morte assustadora dito

    Alguém sabe porque a licença CDDL não é compatível com a GPL, mas é reconhecida como uma licença gratuita pela FSF

    1.    diazepam dito

      O CDDL é baseado na licença Mozilla 1.1. Essa versão não é compatível com GPL. Neste link, há uma explicação da incompatibilidade entre MPL 1.1 e GPL 3

      http://www.tomhull.com/ocston/docs/mozgpl.html

    2.    Windousico dito

      Quando a FSF pensa que uma licença é copyleft fraca, ela é considerada incompatível com a GPL.

      1.    diazepam dito

        Não necessariamente. O BSD de 2 e 3 cláusulas é compatível com a GPL e não é copyleft.

        1.    Windousico dito

          Por copyleft fraco, quero dizer que é um copyleft mal formulado, que impõe restrições que são contrárias ao espírito da GPL ou que conflita com suas cláusulas ao enfraquecer o copyleft do software que inclui ambos.

  9.   helena_ryuu dito

    excelente artigo, conhecia os termos dessas licenças ... .. mas nem tanto xD muito obrigado!

  10.   gfretes dito

    Che, mas a GPL impede o uso do código para qualquer propósito ou propósito. Basicamente, impede que você crie software proprietário com ele.
    Portanto, continuamos adicionando erros ao gráfico.
    lembranças
    PS: bem aí, dando a conhecer os termos que usamos do Rio da Prata. Já tornamos o "você groso, sabe disso" famoso ... vamos por mais 😛

    1.    Ares dito

      Parece-me que isso se refere ao uso do Software (pelos usuários) para qualquer propósito, não o Código (pelos programadores) para qualquer propósito. Além disso, uma "liberdade" que acabasse com todas as outras liberdades seria um absurdo.

  11.   NaBuru38 dito

    O PL WTF se traduz como "Licença Pública Faça o que você canta nas bolas." 🙂

  12.   Anjo Samaniego Pineda dito

    Hoje farei uma palestra e sua imagem me parece muito representativa, citando um ditado "uma imagem diz muito mais que 1000 palavras", deve-se destacar que será utilizada para fins educacionais, com alunos da Universidade do Panamá, no quadro de uma feira de software livre, também colocarei o link para seus blogs para incentivá-los a visitar seu blog, e aumentar o número de seguidores interessados ​​no uso de software livre, reitero minhas saudações e agradecimentos,
    Atenciosamente,

    Professor Angel Samaniego Pineda